25 de jun. de 2010

Janela

Tenho como plano de fundo do meu computador de trabalho uma ilustração de Tiago Valadão, criador das tirinhas do Otto e do Heitor. Nesta ilustração, Otto e Heitor estão à janela, à noite, olhando as estrelas. Uma delas brilha fortemente no céu escuro.
Toda vez que consigo olhar com atenção para eles, fico imaginando a mesma situação: olhar por uma janelinha para o azul estrelado, pensando na vida.
Adoro escrever, mas não tenho isso por hábito. Ao olhar, mais uma vez, para os dois meninos hoje, lembrei de nossa condição de sonhadores e pensadores do que já tivemos e do que ainda está por vir. Bateu uma nostalgia e uma vontade de teclar furiosamente para produzir alguma coisa, registrar uma impressão, exercitar a imaginação.
Enquanto escrevo, não penso muito no sentido que o texto está ganhando, apenas teclo minhas impressões e deixo os pensamentos levarem meus dedos sobre as teclas.
O exercício de escrever, de mostrar o que “sabe”, o que sente é libertador, estimulante, viciante. Faz falta poder refletir e pôr no papel (ou teclado/tela) as reflexões saídas como uma avalanche de nossas mentes.
O Otto e o Heitor sonham com mais um dia em frente à TV, aos jogos, às brincadeiras e a um lindo dia sem escola. A Lisi sonha com mais tempo, uma casa pronta e decorada, uma pós conquistada, um trabalho bem feito (e, de preferência, bem remunerado).
Em tempos de 140 caracteres reflexões precisam ser rápidas, sonhos necessitam de imagens e vídeo para serem expressos e compreendidos, falta espaço para pensamento maiores, melhores, completos.
Quero olhar por minha janelinha e poder ver as cores lá fora, o pássaro na árvore, a folha amarelada, o galho que balança. Quero sonhar com chocolate quente no frio, um filme no DVD, uma piada no livro, um sorriso de criança.
Mais uma semana chega ao fim, mas nada fizemos, pouco sonhamos, menos ainda ousamos. Vou deixar para a próxima. Vou tentar na próxima. Vou sonhar sempre.

Lisiane Bender da Silveira

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